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Durante o evento “Rio, a Capital de Investimentos Verdes no Brasil”, promovido pelo Santander no Museu do Amanhã, o CEO da BlockC, Carlos Martins, revelou detalhes sobre o funcionamento da AirCarbon Brasil S/A, primeira bolsa de créditos de carbono do país. A nova empresa, fruto da parceria entre AirCarbon Exchange de Cingapura e a BlockC e contando com o apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro já está operando a partir de seu escritório na rua São José, no centro da capital carioca. Seu primeiro leilão de projetos de desenvolvedores brasileiros de créditos de carbono será realizado no primeiro trimestre de 2022.

No mesmo evento, Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central, afirmou que o mercado de crédito de carbono será uma “dádiva” para o Brasil. “Quando você olha o valor de 1 tonelada de carbono, é fácil chegar à conclusão que, de fato, é um espaço gigante de oportunidade”, disse, lembrando que o desenvolvimento desse mercado passa por serviços de certificação de projetos ambientais. Para Carlos Martins, o Brasil deve se inserir nas cadeias produtivas globais como grande exportador de bens de capital com baixa intensidade de carbono, e a cidade do Rio de Janeiro tem uma posição importante na linha de comando para tomada de decisão no contexto dessas cadeias’.

“Um excelente exemplo brasileiro da produção de bens de capital com baixa intensidade de carbono é a Weg, que tem condições de produzir o motor elétrico com menor intensidade de carbono do mundo. Isso porque ela pode comprar aço da Ternium, Arcelor ou Gerdau, que empregam biodiesel e biometano em suas cadeias de fornecimento, além de usar eletricidade gerada por fontes renováveis”, esclareceu o executivo.

Segundo o CEO da BlockC, o protagonismo do Rio no contexto brasileiro de carbono se deve ao fato de que a cidade sedia empresas chave do desenvolvimento econômico em segmentos considerados “hard to abate” pelos especialistas, como fertilizantes, aço e plásticos. “Segmentos “hard to abate” são aqueles em que não há tecnologia economicamente viável para eliminar as emissões de carbono por completo. Como essas empresas têm maior dificuldade para mitigar ou eliminar emissões de gases de efeito estufa, são naturalmente as grandes interessadas em uma sinalização de preço para o mercado de créditos de carbono nacional, afirma Martins. Ele cita a Petrobras, que fornece o gás para a indústria de fertilizantes e nafta para a de plásticos, e a Vale, com sua liderança na produção de ferro para siderúrgicas, como exemplo de empresas sediadas no Rio com papel fundamental nas cadeias de valor responsáveis por grandes emissões de CO2.