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A carta-convite recentemente enviada ao Brasil para entrada do país na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) cobra mudanças na agenda de descarbonização não apenas para o governo Jair Bolsonaro, como vem noticiando a imprensa brasileira. Segundo Carlos Mathias Martins Jr., CEO da BlockC, a perspectiva concreta de ingresso na organização também obriga as empresas do país a acelerarem esforços para redução de emissões de gases do efeito estufa. O executivo destaca ainda que esse processo atinge de maneira desigual os setores da economia brasileira, e cobra de governos, agências internacionais e legisladores, uma visão sistêmica das cadeias de valor de cada empresa ou setor econômico, de maneira que os custos da redução de emissões sejam devidamente compartilhados entre as empresas, os consumidores e o poder público.

“A entrada do Brasil na OCDE coloca muito mais pressão na agenda de descarbonização das empresas. Esses compromissos multilaterais geram contrapartidas comerciais muito positivas, o que é excelente da perspectiva do mercado. Entretanto, é preciso ter claro que os 38 países membros da organização também estarão olhando os compromissos das empresas privadas do nosso país no que tange a redução de emissões e combate ao desmatamento”, afirma Mathias.

Formada em 1948 para administrar a ajuda americana e canadense no âmbito do Plano Marshall para a reconstrução da Europa, após a Segunda Guerra Mundial, a então chamada Organização para a Cooperação Econômica Europeia (OCEE) forneceu a base para a criação de uma área de livre comércio no velho continente. Depois dos Tratados de Roma de 1957, que criaram a Comunidade Econômica Europeia, a OCDE substituiu oficialmente a OCEE, ampliando seu raio de integração econômica com a entrada, nos anos seguintes, de países como Japão, Austrália e Nova Zelândia. Depois da queda do Muro de Berlim, em 1989, a OCDE começou a ajudar os países da Europa Central a aderir à economia de mercado, além de começar a abrir espaço para países latino-americanos e asiáticos. Como resultado, Polônia, Hungria, República Tcheca, Eslováquia, México e Coreia do Sul se tornaram membros da OCDE entre 1994 e 2000, e mais recentemente, Colômbia e Costa Rica. 

Na carta-convite enviada ao Brasil no final de janeiro, o conselho da OCDE cobra claro comprometimento com as metas de redução de desmatamento e ações para evitar a perda de biodiversidade. O documento ressalta a necessidade de políticas públicas alinhadas com os objetivos do Acordo de Paris, incluindo emissão líquida zero de gases do efeito estufa até 2050. Tudo viabilizado por investimentos públicos e privados destinados a programas governamentais e empresas comprometidas com as mesmas metas.

Entretanto, essas metas atingem de maneira desigual os diversos setores da economia brasileira, como pondera Carlos Martins, da BlockC. “Dos 1,5 bilhões de toneladas de CO2 que o Brasil emite todo ano, cerca de 400 milhões de toneladas são diretamente atribuídas à produção de carne bovina. Mas não é apenas o boi ou as empresas de proteína que devem ser responsabilizados por essas emissões, mas principalmente quem come a carne exportada pelo Brasil. Esse é um debate mais profundo do que falar apenas que o nosso país tem de reduzir as emissões da pecuária”, diz Martins.

Por tudo isso, o executivo defende uma mudança de mentalidade no debate sobre emissões de CO2, substituindo a busca de culpados por uma visão sistêmica que distribua os custos de descarbonização, de maneira justa, não apenas entre as empresas de uma mesma cadeia de valor, mas entre toda a sociedade. Essa abordagem fica clara e transparente através da plataforma de descarbonização criada pela BlockC. Ao lastrear cada crédito de carbono em transações registradas e validadas via blockchain, ela permite que o inventário das emissões de gases do efeito estufa incorpore todo o ecossistema de uma empresa, estendendo paulatinamente os custos aos seus fornecedores, parceiros e clientes. 

Para saber mais acesse https://blockc.com.br/plataforma/